quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ciencia e religião de mãos dadas



Esse artigo foi escrito por alguém que não é cientista, não está engajado em nenhuma pesquisa recente, mas por uma pessoa normal, em que sua única relação com a ciência é a admiração pelos seus métodos impessoais. Recentemente tomei conhecimento de experiências realizadas na Europa com neutrinos. O neutrino é uma partícula sub-atômica que tem dado o que falar na comunidade científica nos últimos dias já que testes realizados conseguiram registrar uma velocidade um pouco maior que a velocidade da luz. A pouco mais de um século atrás o génio da física Albert Einstein propôs em sua publicação "Ist die Trägheit eines Körpers von seinem Energieinhalt abhängig?" que E=mc^2. Trocando em miúdos, um corpo que contenha massa precisa de uma certa quantidade de energia para se manter em movimento, quanto maior for essa velocidade mais essa massa aumenta, consequentemente aumenta a quantidade de energia necessária para mante-lo nesse movimento. Essa fórmula conclui que pode-se atingir 90%, 95%, ou até mesmo 99,9999999999...% da velocidade da luz, mas nunca 100%, já que segundo essa teoria a partir da velocidade da luz esse corpo desenvolveria uma quantidade de massa INFINITA, demandando uma quantidade INFINITA de energia.

É claro que a teoria de Einstein não é tão simples, mas o importante a saber aqui é que ela mudou os rumos da física e revolucionou a ciência na época, deu uma larga contribuição ao entendimento humano, deu um fim e ao mesmo tempo novas direções à uma série de pesquisas da época. Houve uma grande resistência por parte da comunidade científica em aceitar esse novo conceito de variações no espaço-tempo, chegando ao ponto te um grupo de cientistas criarem um documento chamado "100 cientistas contra Einstein" onde cada um argumentava contra essa teoria. Ao ser questionado sobre esse documento Einstein respondeu: "-Se eu estivesse errado, bastaria UM", e de fato, UM SÓ experimento com resultados contrários provaria isso, mas não houve nenhum. Agora no início do século 21 um experimento que fez um neutrino ultrapassar a velocidade da luz demonstrou que essa teoria pode estar parcialmente errada ou TOTALMENTE.

Se a velocidade do neutrino ultrapassa realmente a velocidade da luz não é nem de longe mais importante do que a sua abordagem, a comunidade científica recomendou que os testes fossem realizados novamente com cautela, já que um segundo resultado positivo poderia mudar totalmente o entendimento da ciência atual. Mesmo que a ciência com seus métodos sua seja fria, impessoal e desprovida de poesia, o seu método é digno de magnitude e beleza, trata-se de um protocolo incorruptível que não distingue raça, cor, nacionalidade nem nada, o resultado de qualquer experimento é e sempre será acolhido pela ciência, mesmo que isso custe mudar TODOS OS SEUS RUMOS E VERDADES ATUAIS.

Não sabemos ainda o que vai mudar na física moderna depois do comportamento dos neutrinos, talvez chegue-se a conclusão de que a teoria de Einstein não se aplique a corpos que tenham uma quantidade de massa tão baixa a ponto de ser menor do que a de um eletron, talvez tudo mude ou apenas hajam pequenos ajustes, mas esse fato por si só engrandeceu a ciência uma vez que os testes não foram "sabotados" pela comunidade científica. Contarei uma breve estória sobre Pitágoras, os pitagóricos fizeram contribuições magnificas à humanidade na matemática e outras áreas, todos ja ouviram falar no "Teorema de Pitágoras", ele funciona bem até hoje, mas eles tinham uma admiração maior que o normal pelos números inteiros, e acreditavam que tudo era derivado de números inteiros, mas uma descoberta acabou mudando sua doutrina, quando descobriram que a raiz quadrada de 2 não poderia ser representada pela razão de dois números inteiros, isso passou a ser visto como uma ameaça pelos pitagóricos, uma ameaça de que a sua visão sobre as coisas passa-se a não fazer mais sentido, e ao invés de compartilhar essa nova descoberta com o mundo, os pitagóricos omitiram a raiz quadrada de 2. Esse tipo de atitude não é aceito pela ciência de hoje em dia, e é exatamente o que faz dela o melhor método que temos para chegar até as verdades que buscamos. A omissão de fatos inquietantes para valorizar uma doutrina foi a base dos pitagóricos, platônicos e religiões ocidentais modernas.

A ciência é baseada na humildade, e a religião é baseada na arrogância, quando alguém questiona um fato bíblico é chamado de herege ou ignorante, mas o fato é que qualquer tipo de verdade deveria ser testada pelos métodos da ciência, não deveriam existir verdades inquestionáveis, é divertido quando João Grilo fala "-Não sei, só sei que foi assim", mas em nossas vidas uma escolha errada sobre que doutrina seguir pode nos custar até mesmo toda uma vida sem sentido, não é certo que eu me incline para 33 mil deuses pelo fato de ter nascido na India, me curve diante de Ivo A. Benda só por que meus pais sejam adeptos a uma religião onde líderes possuem poderes cósmicos de luz, ou me curve para o Duque de Edimburgo (Prince Philip) porque nasci na tribo Yaohnanen no Sul da Ilha de Tanna, em Vanuatu (lá acreditam que o marido da rainha Elizabeth II é filho do espírito da montanha). Sendo ou não coincidência, esse povo foi colonizado pela Inglaterra, assim como o cristianismo prevaleceu entre os povos colonizados pelo império Romano. Não é certo que numa época onde seja questionada a teoria da relatividade, as doutrinas de milhares de anos permaneçam intocáveis. Em alguns países é dada pena de morte para quem desrespeita a religião local. Toda essa hostilidade para com pessoas de crenças diferentes contraria o próprio principio teológico do livre arbítrio. As verdades inquestionáveis das religiões precisam urgentemente ser revisadas, pois absurdamente ainda há pessoas que desprezam a teoria comprovada da evolução das espécies, e acreditam que o planeta terra tem apenas 10 mil anos de idade, tudo isso por que está escrito em um livro que as gerações aprenderam a considerar a palavra de um deus e que é 100% desprovida da possibilidade de erros, mas na prática se encaixa cada dia menos com o entendimento atual que temos do mundo e seus fenômenos naturais. Precisamos dessa revisão para o bem de todos, precisamos confiar nas descobertas da ciência não só nos momentos que tomamos um remédio para dor de cabeça. Precisamos confiar na ciência por que ela nos mostra cada dia que seu entendimento foi um processo lento de tropeços reconhecimento de erro e novas descobertas.

A religião poderia um dia andar de mãos dadas com a ciência se seus líderes fossem realmente capazes de lutar contra os problemas que ameaçam a humanidade como um todo, independente de etnia. Assuntos como evitar as consequências do aquecimento global ou uma guerra nuclear. Ambos encontra-se hoje numa situação muito crítica. Porém é preciso ao mesmo tempo que o autoritarismo da religião não tente entrar em conflito nem impor as suas leis para pessoas que escolheram acreditar em outras coisas. É preciso uma grande dose de humildade na religião, para que TODAS elas compreendam que qualquer um dos milhares de deuses que existem não terão nenhum sentido se todos os seres humanos se matarem numa guerra nuclear ou morrerem de sede num mundo destruído pelo efeito estufa.


Rinaldo Vaz

3 comentários:

Marcelo AVEXADO disse...

Conviver com as diferenças é algo que, desde o início dos tempos, perturba a humanidade.

A inveja (Caim e Abel), a ganância (Napoleão Bonaparte) ou mesmo a intolerância (Adolf Hitler), jamais fizeram bem a humanidade.

Independente de que acreditamos, seremos sempre algozes da "verdade" do nosso semelhante, pois se até na ciência temos discordância (como bem mostra o seu texto), imagina com campo da "crença".

Assim como não podemos julgar uma mãe pelos seu filhos,também não julgo a igreja pelos seus fiéis.

Procuro seguir os "conselhos" escrito NO LIVRO MAIS ANTIGO QUE CONHEÇO, procurando conservar os VALORES MORAIS que aprendi com meus pais, esses sim, aos quais devo tudo o que sou.

Não sou um estudioso da ciência, mas jamais discordei que a temperatura do SOL fosse 15.000.000° C (mesmo sabendo que não existe um TERMÔMETRO capaz de medir isso).

Mesmo sabendo que isso é UMA GRANDE MENTIRA, jamais insisti que alguém deixasse de crer nesses dados.

Da mesma forma, não entendo a preocupação dos cientistas em "desacreditar" os conceitos e ensinamentos religiosos, apenas porque discordam do que a igreja prega.

A crença e a FÉ de cada um, é pessoal e intransferível. Simples assim.

Felizes aqueles que crêem sem ter visto” (Jo 20,29)

Carlos Fehn disse...

Rinaldo, eu só vou citar um exemplo de ciência e religião convivendo pacificamente. Existem outros mais.
Leia por favor na sua Bíblia Isaias, 40 versículo 22.
Lá diz: Há Um que mora acima do círculo da terra, cujos moradores são como gafanhotos, Aquele que estende os céus como uma gaze fina e que os estica como uma tenda em que morar".
Pelo menos duas verdades foram escritas aí e isso cerca de 700 anos antes de Cristo. 'Há um que mora acima do círculo da terra..'. Muitos séculos se passaram para que esta verdade científica que a Bíblia já falava fosse comprovada, de que a Terra é redonda.

Outra: ' estende os céus como uma gaze fina e que os estica como uma tenda..' . Alguns anos atrás , uma SuperInteressante trouxe um artigo sobre as últimas descobertas sobre o Universo. E havia uma representação esquemática da universo, como uma grande malha estendida onde estavam em vários planos localizados os corpos celestes. Na hora me lembrei desta passagem de Isaias. Interessante que aquele artigo levava a conclusão que o Big Bang não deveria ter sido tão bang assim, pois existe uma ordem no universo inquestionável. Até na representação esquemática o Universo se expande no sentido de haver um "lençol" que suspendesse tudo. Numa explosão desordenada a expansão seria encontrada em todas as direções, mas não é isso que a ciência tem encontrado.

Na verdade, a religião como a conhecemos está eivada de preconceitos e na maioria das vêzes não permite que seus seguidores abram a mente para verdades tão simples que estão registradas. Reconheço que escritas com palvras bem simples, até poéticas, mas com o cunho da verdade. A ciência frequentemente tem comprovado muitas destas passagens. O acelerador de partículas vai ser outra comprovação para a ciência e para a verdade religiosa, que não existem barreiras entre elas. O que existem são os preconceitos medievais das religiões e o preconceito moderno de brilhantes mentes científicas.
Sobre Eisten, também já li alguma coisa a respeito de que ele não descobriu nada sozinho, que simplesmente continuou um estudo já existente. Mas isso, creio eu não desmerece o trabalho dele. Como tudo na vida, a luz clareia mais e mais (Prov. 4:18)

Unknown disse...

"Não sou um estudioso da ciência, mas jamais discordei que a temperatura do SOL fosse 15.000.000° C (mesmo sabendo que não existe um TERMÔMETRO capaz de medir isso)."

O Marcelo pode parecer um "cético para assuntos científicos", mas no seu cotidiano, usa softwares para saber se a venda de um link de internet é ou não é viável. Acreditem se quiser, o Marcelo confia cegamente na ciencia quando autoriza a venda de um link. Em todas as vendas de link que ele fez, em nenhuma delas ele foi realmente aos lugares certificar-se que o relevo condizia com as fotos de satélite.

A mesma metodologia científica em conjunto com observações de fotos de satélites especularam a temperatura do Sol. Mas ele considera uma "grande mentira".

A verdade mais importante é a que nos torna mais felizes, isso é um fato. Mas só existe uma verdade absoluta, uma maneira como tudo funciona, e se aproximar dessa verdade é o papel da ciência, embora muitas pessoas acreditem que essa é contra a religião, ela apenas compre o seu papel de oferecer explicações mais simples para a vida e para o cosmo.